Neste livro, o autor nos oferece uma abordagem original ao proporcionar a compreensão dos Exercícios espirituais à luz de algumas cartas de Santo Inácio de Loyola, fornecendo aos leitores, de forma concreta e viva, o modo como Inácio praticou o que ele próprio havia formalizado e sintetizado nos Exercícios. A narrativa é construída a partir dos seguintes questionamentos: por que, nos Exercícios espirituais, Inácio dá não somente regras de discernimento, mas também regras de vida, se tem em vista a liberdade dada ao homem por Deus? A liberdade espiritual supõe um mestre, cuja autoridade deve ser interrogada: qual é a natureza da relação que se instaura entre aquele que pede conselho e aquele que o dá? A essas perguntas, segue uma hipótese espiritual: é a pedagogia da consolação proposta por Inácio que articula a autoridade do conselheiro com a liberdade daquele que pede conselho. Assim, com a ajuda benévola de outro, cuja experiência é reconhecida, cada um pode encontrar a regra de sua conduta. Vê-se nesta obra como Inácio está atento ao que faz quando dá, por escrito, um conselho espiritual, o que faz de sua correspondência um dos principais meios de transmissão dos Exercícios.