A vida de uma mulher contada em três fases. Primeiro. a protagonista está na Palestina. ainda moça. A seguir. dividida entre os filhos. o marido e uma paixão proibida. ela vive em Além Paraíba. interior mineiro. No final. avó e viúva. saída do hospital. tenta reencontrar esse antigo amor e guarda o segredo de um poema inspirado no Cântico dos cânticos. As três etapas de Judite. relativamente independentes. mas com ritmos diferentes. são apresentadas com uma costura muito tênue. Com Judite no País do Futuro. a carioca Adriana Armony faz ficção inspirada em uma história muito próxima: a de sua avó paterna. Através da trajetória de Judite. que emigra da Palestina para o Brasil após a Primeira Guerra Mundial. a escritora busca um universo folhetinesco sem deixar a precisão histórica. O livro passa de um turbilhão de acontecimentos à tranqüilidade de um cotidiano marcado pela tensão de uma espera. e daí à fragmentação atordoante de uma família em processo de assimilação. E até mesmo o estilo se modifica sutilmente de uma fase para outra. No entanto. há aí um movimento circular: no prólogo do romance. Judite. já idosa. desmaia. e o livro recua à sua infância e segue até a sua chegada ao país do futuro; adulta. vemos Judite vivendo dois grandes amores e uma tragédia; na terceira parte. ela retorna do desmaio sob uma chuva de folhas. como a Alice de Lewis Carroll. Judite no País do Futuro trata da busca do ser humano pela felicidade. da vontade de se adaptar a novas realidades.